Autor do Plano Piloto de Brasília, uma das maiores realizações urbanísticas do século XX, Lucio Costa foi um dos pioneiros da moderna arquitetura brasileira.

Nasceu em 1902 em Toulon, na França, filho de brasileiros em serviço no exterior, e retornou ao Brasil com a família em 1917. Estudou pintura e arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Nos anos 30, dirigiu e revolucionou a instituição, abandonando a perspectiva neoclássica e adotando currículo baseado nas teorias da Bauhaus e de Le Corbusier.

Em 1936, liderou a equipe que, a partir de um esboço de Le Corbusier, projetou o Palácio Capanema, sede do Ministério da Educação no Rio — um marco histórico da moderna arquitetura brasileira. Em 1957, venceu o concurso para projetar Brasília, o que lhe assegurou consagração internacional.

Lucio Costa definiu Brasília poeticamente: “cidade arrojada com amplas avenidas, mas, ao mesmo tempo, bucólica e urbana, lírica e funcional”. Eliminou os cruzamentos para que o trânsito fluísse livremente. Valorizou o paisagismo e os jardins. Concebeu edifícios residenciais sobre pilotis para permitir a livre circulação das pessoas. À semelhança de uma obra de arte, desenvolveu sua proposta imbuída de raro espírito moderno e democrático.

Seu desenho urbanístico partiu do traço primário de dois eixos cartesianos que se cruzam em ângulo reto: a cruz. A partir dessa imagem, cara à tradição cristã brasileira, ampliou o conceito para que, na intersecção dos eixos, um deles se curvasse.

Assim, deixou-nos a sugestão elegante da estrutura de um avião e suas asas aerodinâmicas, um símbolo da modernidade. Outros viram nesse seu gesto fundador o formato de um arco e flecha, que remete às raízes indígenas dos brasileiros.

Lucio Costa definiu assim a concepção de Brasília: “Um projeto original, nativo e brasileiro, citando como fontes de inspiração a pureza da distante cidade brasileira de Diamantina, as perspectivas de Paris, os gramados ingleses da infância, os altiplanos da China e as avenidas e pontes de Nova York”.